Em
relação a Murray Schafer, destaco os documentos que seguem em anexo,
desenvolvidos e apresentados por mim no decorrer da aula realizada no dia 21 de
Abril de 2012.
O PowerPoint está dividido em três capítulos:
a biografia; o pensamento; a pedagogia.
Na biografia é de realçar o Projeto Paisagem
Sonora Mundial (The World Soundscape Project), surgido a partir de um grupo de pesquisa educacional com
ênfase na ecologia acústica. O objetivo era chamar a atenção para a
proliferação de ruídos. De facto, Schafer tinha o desgosto pela poluição sonora
que vinha transformando rapidamente de Vancouver. A sua preocupação era alertar
para os efeitos prejudiciais dos sons tecnológicos sobre os homens.
Em relação ao pensamento, desenvolvido a
partir do World Soundscape Project, podemos afirmar que para Schafer, a
capacidade de escuta se está deteriorar de maneira alarmante e que uma multidão
de novos sons passaram desde a revolução industrial a habitar o ambiente
acústico. Com os sons das máquinas cada vez mais presentes no cotidiano, houve
uma transformação significativa na sonoridade dos espaços sonoros,
principalmente na zona urbana.
Preocupado com os sons do mundo, sejam eles
materiais musicais convencionais, sejam eles o canto dos pássaros ou o som de
um engarrafamento urbano, pretende numa certa visão mística, “considerar a
paisagem sonora mundial como uma imensa composição musical”. De facto,
pretende, de certa forma, reencontrar o “segredo da afinação” (Schafer, 1977:
22), em que Deus tenha sido o “engenheiro acústico de primeira classe”
(Schafer, 1977: 290) e assim restituir na paisagem sonora mundial uma
sonoridade ordenada por mão divina.
Murray Schafer desenvolveu a sua teoria pedagógico-musical, a partir de experiências. De facto, a sua proposta consiste numa investigação experimental, que gerou princípios que ele chamou de Educação Sonora. Os seus exercícios ilustram as experiências com os seus estudantes e enquadram-se nas primeiras tentativas de introduzir nas escolas os conceitos de audição criativa e de consciência sensorial preconizadas por Cage.
Desde o início, muito antes de
qualquer instrução formal Schafer tenta que a entusiasta descoberta da música
preceda a habilidade de tocar um instrumento ou de ler notas. A notação musical
é algo de complicado e para dominá-lo são necessários anos de treino. No
início, cada aluno faz a sua notação, o momento indicado para produzir as
habilidades processuais é quando a criança pergunta por elas.
Nas aulas de música está sempre
presente o lúdico. O objetivo principal é procurar que os alunos se expressem
através do som, com liberdade e imaginação. Destaca a importância da liberdade
de improvisar e criar enquanto processo de descoberta.
A importância de ensinar música às
crianças radica na possibilidade de formar uma geração que recupere uma
capacidade inerente à sua natureza como é a de reconhecer e desfrutar os
diversos sons do seu envolvimento. Mais do que isso, ser capaz de criar música
com os sons e intervir até no desenho de uma paisagem acústica.
Uma tarefa essencial dos educadores
musicais deveria ser de inventar uma notação que possam ser dominadas
rapidamente, para não retirar o prazer da criação musical.
Schafer não propõe o
ensino da música como um caminho especializado e separado de toda a experiência
humana. Compartimentar o ensino das artes é uma fragmentação da experiência e
pode converter-se numa experiência traumática. Schafer propõe uma educação
artística integral e globalizante, onde possa existir uma genuína explosão
criativa da sensorialidade.O Vídeo apresenta as bases gerais do seu pensamento:
No seu livro “O Rinoceronte na Sala de
Aula”, Schafer apresenta 10 “máximas dos educadores” muito interessantes, que
demonstram as inclinações educacionais de Schafer, preceitos contemporâneos que
devem ser utilizados em música, mas podem facilmente ser transportados para as
outras áreas da educação.
1.
O primeiro passo
prático, em qualquer reforma educacional, é dar o primeiro passo prático.
2.
Na educação,
fracassos são mais importantes que sucessos. Nada é mais triste que uma
história de sucessos.
3.
Ensinar no limite
do risco.
4.
Não há mais
professores. Apenas uma comunidade de aprendizes.
5.
Não planeies uma
filosofia de educação para os outros. Planeia uma para ti mesmo.
6.
Para uma criança
de cinco anos, arte é vida e vida é arte. Para uma de seis, arte é arte e vida
é vida. O primeiro ano escolar é um divisor de águas na história da criança: um
trauma.
7.
A proposta
antiga: o professor tem a informação; o aluno tem a cabeça vazia. Objetivo do
professor: empurrar a informação para dentro da cabeça vazia do aluno.
8.
Ao contrário, uma
aula deve ser uma hora de mil descobertas. Para que isso aconteça, professor e
aluno devem em primeiro lugar descobrir-se um ao outro.
9.
Por que são os
professores os únicos que não se matriculam nos seus próprios cursos?
10.
Ensinar sempre
provisoriamente: Deus sabe com certeza.