domingo, 8 de julho de 2012

Keith Swanwick


A partir desta entrevista (clique para ver) efetuada ao compositor Keith Swanwick, ficamos a conhecer as suas principais ideias em relação ao ensino da música, nomeadamente, a construção do seu pensamento e o seu modelo. Importante será referir que estas construções de Swanwick estão na base dos modelos curriculares do ensino da música no ensino básico. Afirma o compositor “o aprendizado musical guarda relação com a faixa etária. Cada uma corresponderia a um estágio de desenvolvimento”. Percebe-se bem, pela figura, nomeadamente na base, a ligação aos estádios de desenvolvimento de Piaget (processo de assimilação – acomodação). Para Swanwick, (1999) a atividade musical tem características próprias que, embora distintas de qualquer outra forma de discurso, se entrelaçam com as características psicológicas da teoria dos estádios de Piaget:
  • Primeiro estádio (até aos 4 anos) - sensorial, manipulativo (materiais): a sua marca principal são as experiências que as crianças são capazes de fazer através da exploração das possibilidades de produção de sons de cada instrumento;
  • Segundo estádio (dos 5 aos 9 anos) - pessoal, vernáculo (expressão): a manipulação alcançada permite à criança exprimir os seus sentimentos ou estados de ânimo, explorar mudanças de andamento, iniciar as primeiras composições, que apresentam influências do que costuma cantar, tocar e escutar;
  • Terceiro estádio (dos 10 aos 14 anos) - especulativo, idiomático (forma): as criações tornam-se mais variadas e surpreendentes num movimento especulativo. As variações passam a respeitar os padrões de algum estilo específico, muitas vezes o pop ou o rock, linguagens a partir das quais é possível estabelecer conexões com outros jovens;
  • Quarto estádio (a partir dos 15 anos) – simbólico (valor): é possível desenvolver um quarto estádio, que engloba os outros três, em que mantendo experiências musicais de alto nível, a música representa um valor importantíssimo e revela-se uma atividade significativa para a vida do adolescente, marcado mais por uma “relação emocional individual e menos por modismos passageiros ou algum tipo de consenso social”.
À pergunta sobre o que deve ser considerado no ensino da música nas escolas, Swanwick responde que os conteúdos devem ser trabalhos de maneira integrada. E acrescenta através do anúncio do seu modelo espiral CLASP – C de composition (composição), A de audition (audição), P de performance (experiência performativa, capacidade tocar), entremeadas pelo L de literature studies (estudos literários) e S de skill aquisition (habilidades ou técnicas).
Em Português, esse modelo é conhecido como modelo TECLA (técnica, execução, composição, literatura e apreciação). Swanwick acrescenta as vantagens deste modelo considerando que todos os aspetos do seu modelo são importantes. Permite ao professor perceber se está a demorar mais numa das letras, por exemplo L, descrevendo factos históricos. Dar demasiada importância à história da música é uma forma simplista de pensar que se está a ensinar música, pois história não é música. O mesmo acontece se permanecemos demasiado tempo na letra A, a ouvir música, não se está a produzir música.

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